Azar o meu se passei tantos anos tentando me recompor que acabei me perdendo no meio do caminho e já não sei se um dia vou chegar ao fim. Já passei por tantos fins e alguns recomeços, mas nenhum foi suficiente pra desacelerar a minha mania de superação. Ainda lembro o que sou e o que carrego todos os dias, e parei de lutar contra isso. Marquei o corpo, pintei o cabelo, descontei nos copos e na escrita e também sonhei. Não procuro por encerramento, e sim por paz. E se volta e meia eu me confundo e penso que significam a mesma coisa, azar o meu.

Azar o meu se enquanto a calmaria não chega, eu saio feito louca na tempestade e carrego junto comigo diálogos mentais nunca proferidos, respostas escritas e nunca enviadas, abraços nunca dados e eu te amos nunca ditos. Não são arrependimentos, são marcas da minha trajetória. Não são remorsos, mas sim, registros das minhas experiências e do que eu realmente sou. E enquanto eu não conseguir aceitar o que me fez ser o que eu sou, maior será o tempo em que irei passar na chuva. Azar o meu.

Azar o meu se continuo me atormentando com perguntas vazias. Será que eu ainda tenho tempo? Ou será que eu já me acostumei a estar sempre debaixo de chuva e trovões? Será que pensar em um dia tranquilo não me agrada mais? Ou será que, para sempre, eu precisarei de tanta carga assim para continuar alimentando a minha alma? Será que eu ainda sei do que a minha alma precisa? O único que sei, por enquanto, é que sou feita de emoção e bem pouca razão. Azar o meu.

Fonte: We heart It

Fonte: We heart It

Azar o meu se continuo me machucando todos os dias por correr atrás de finais satisfatórios e nunca nem chegar perto do final. Olha a bagunça que eu fiz procurando essa maldita paz. Olha a confusão que faço todos os dias tentando responder o impossível.  Não é por mal, mas acreditar nos outros também machuca. Acreditar no que deveria ter sido e não foi, só me traz conflito. E dor por dor, eu escolho apenas aquelas que eu mesma causo.  Então no meio da desordem enquanto procuro por felicidade e satisfação, me fecho para o mundo. Azar o meu.

Azar o meu se eu faço bem pouco pra seguir em frente e continuo procurando por serenidade mesmo assim.  É que o desleixo do meu coração só eu mesma consigo entender. Vou fazer o que, afinal? Para mim paz é reconhecer quem eu sou, sem deixar que isso me machuque. Felicidade é aprender, finalmente, como conviver com os meus defeitos e falhas, e deixar, de uma vez por todas o orgulho para trás. Não acredito que seja questão de sorte ou azar, e sim de amadurecimento.  E enquanto eu não chego lá, azar o meu.