Eu não quero ser intensa. Juro. Se fosse por escolha eu seria pós graduada em deboísmo. Eu levaria a vida tão numa boa que eu nem precisaria escrever sobre ser muito ou sentir muito ou tentar muito. Sério, eu não queria reagir tanto quando a vida bate. E acima de tudo, eu queria reagir de forma mais racional quando tenho que encarar o que sinto.

Eu sei que quando você me olhou nos olhos e disse que eu fazia muito de pouco foi um elogio. Eu sei que a minha forma de tentar interpretar todos os significados de uma só sentença te encantou. Eu sei que o meu jeito de tentar te entender acabou te fazendo encarar a vida de uma forma diferente e autêntica. E sejamos francos, eu sei que eu curei o teu tédio.

Ok, meu jeito drama mexicano de levar a vida é um pouco excessivo. Eu não consigo fazer o meu filtro funcionar e não reagir a tudo o tempo inteiro. Eu me importo mais do que você. E quase sempre eu perco o sono com algumas possibilidades impossíveis de acontecer, mas que na minha cabeça são mais do que reais. Eu sei que não faz sentido, mas eu estou o tempo todo me preparando para uma guerra inexistente.

Eu sei que você me olha como se eu me defendesse o tempo inteiro. E isso faz sentido, nunca fui de baixar a guarda. Mas se a vida não é um eterno preparar para o dia seguinte, eu aprendi tudo errado. Eu gosto de pensar que a minha forma intensa de encarar os dias, de me defender de tudo e todos e, acima de tudo, construir um mundo imaginário na minha cabeça, é uma maneira de questionar e evoluir.

Eu não quero ser intensa. Juro. Mas eu sinto que se eu não enfrentar tudo como se fosse o fim do mundo, a vida acaba sendo entediante. E de tédio eu tenho alergia. Então me diz, você me salvaria do tédio tanto quanto eu te salvei? Sabe como é, eu não tenho certeza do quão longe você está disposto a ir. E, diante do incerto, tudo o que me resta é manter essa intensidade que me faz seguir em frente implorando por mais.