Agora chega né? Não dá mais pra continuar bagunçada desse jeito. E não é discurso de ano novo, juro – ou talvez seja. É só que não dá mais pra deixar a minha bagunça continuar justificando as minhas atitudes, sabe? Preciso fazer as pazes com essa zona que carrego dentro de mim e parar de me considerar um caso perdido.

É que se eu tô perdida é só agora – e faz parte. Assim consigo me abrir pra questionar tudo aquilo que achei já ter respondido. E tudo bem se as respostas mudam com o passar do tempo, até porque o caminho nunca vai ser o mesmo. Sabe como é, só quando me perco tenho a possibilidade de me encontrar – quantas vezes for preciso.

Agora chega né? Não dá mais pra ficar fugindo de mim mesma. Demorei pra aprender isso de amor próprio, e agora que me amo, sai da frente, eu só quero respeitar a minha essência e ser cada vez mais livre, sem que para isso eu precise vender a minha alma. É que não dá pra continuar aceitando esse mais do mesmo só porque é fácil.

É que o caminho mais fácil já tem as sentenças construídas, as ideias formadas, as histórias contadas, os lugares explorados e as vontades já saciadas. Meio tédio isso, sabe? E eu tô pra mais. Então eu quero me permitir ao novo, aceitar a liberdade como recompensa pela minha autenticidade e fazer cada vez mais por mim.

Agora chega né? Não dá mais pra continuar surtando assim. Ok, confesso que é divertido meter o louco, sempre acabo assustando o tédio e sorrindo de um jeito diferente. Mas e depois? Como faz pra lidar com as paranóias que ficam? De bagunça e drama eu já estou cheia. O que mais tem pra mim além do óbvio?

É que eu mereço tão mais do que tudo isso que ando me permitindo que agora chega, sabe? Não posso mais continuar nesse caminho de auto sabotagem só porque eu tenho companhia, ou calar a minha voz só porque tem muito barulho. Não dá mais pra eu fazer pouco de mim mesma depois que me descobri ser tanto.