Daqui a pouco eu paro, juro. Paro de me importar com o que é pequeno, querer resposta pra tudo, controlar os detalhes do dia, procurar pelo que não me agrega mais e fazer morada em pessoas passageiras. Em breve vou deixar de canto o peso morto, o sim por obrigação, o silêncio por receio – pra seguir cada vez mais leve.

Ainda não dá pra parar, mas tá quase. Por enquanto tem muita coisa pra fazer, uma vida pra organizar e também preciso de mais tempo pra absorver essa minha nova versão, de onde estou e aonde vou. Mas sério, eu vou parar com a autossabotagem, as fantasias que invento e essa mania inútil de controle.

Daqui a pouco eu paro, juro. Paro de escapar de mim mesma, abrir mão do que é importante, de me perder na minha mente e desviar de conflito pra inventar uma paz inexistente. Falta pouco pra tudo isso deixar de falar por mim. Sinto que tem uma ruptura pra acontecer, algo grande, que vai trazer a calmaria que preciso.

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Mas por enquanto não dá pra parar. Tem muita coisa pra fazer, vários itens da lista pra riscar e outros projetos que se não for agora não serão jamais. Daqui a pouco eu paro com a vida corrida, a rotina batida, o café da esquina e a insônia que me persegue. Sinto que a hora de fazer mais por mim tá chegando e eu não vou querer fugir.

Daqui a pouco eu paro, juro. Paro de remoer o passado, repensar o que não foi dito e achar que eu faria diferente. Em breve vou deixar de acreditar nas conspirações do universo pra assumir a responsabilidade por mim mesma. Já já eu paro tudo pra redescobrir uma outra vida, um outro caminho, um outro sentido, uma outra eu.