Não foi a arrogância que encarnou em mim, juro. Mas aprendi a sair por aí distribuindo #beijinhonoombro. Tô com urgência para viver e sem tempo nenhum para desperdiçar com a opinião alheia a respeito das minhas escolhas – aliás, a respeito de nada. Se você realmente está esperando um descuido meu para rir de uma possível infelicidade, sinto muito, isso não vai acontecer. Eu não tenho mais tempo para o teu recalque.
E sabe, para conseguir chegar nesse nível de desapego, levou tempo. Eu sei que agora isso até parece uma característica minha, mas acredite, não é. Já fui de me levar tanto pelo que é falso, que agora ando exausta e buscando loucamente por um pouco de realidade.
A verdade é que eu sei o quão difícil é realmente abrir os olhos e se dedicar no que acreditamos. Já passei tanto tempo seguindo o fluxo dos pensamentos e vontades alheias, que não me permito mais continuar assim. É claro que volta e meia tudo isso ainda incomoda, mas é bom saber que tenho margem para percorrer. Muito do que eu tinha de bom acabei doando. Muitas pessoas em que eu considerava e não eram recíprocas, acabei deixando passar. O cansaço de esperar por um carinho que nunca veio é grande.
Então um dia eu falei: “chega”. Não tenho mais disposição nenhuma para ouvir a opinião dos outros. Agora eu tô por aí no mundão e me sinto como a minha própria dona. Aprendi a desconsiderar as recalques que me criticam mas desejam ter a minha vida. Agora tô solta pela vida, sabendo criar expectativas saudáveis e esperar retorno só de mim mesma.
E a felicidade é meio que um resultado disso: ser auto-suficiente. Não é algo que alguém vá distribuir na rua junto com uma amostra de perfume. Nada disso. Demorou, mas volta e meia, percebe-se que alegria se conquista sendo alegre. A felicidade vem para quem quer ser feliz.
E se volta e meia eu vacilo, ninguém precisa saber. Não sou dessas de colocar todos os acontecimentos da minha vida online. É que eu sei que um post assim faria as recalcadas de plantão se sentirem felizes. Não sou dessas de me alegrar com a derrota alheia, não preciso querer o mal do próximo para me sentir bem comigo mesma. Eu sei que tem gente assim, eu só não consigo ser e nem alimentar essa sede de querer sentir-se superior o tempo todo.
E se hoje eu sou assim tão cuidadosa com as pessoas em que eu confidencio o que é importante para mim, é porque aprendi a filtrar as verdadeiras amizades de pessoas convenientes. Elas podem estar no mesmo balaio, mas com certeza não tem o mesmo valor. Sou alguém difícil de fazer amizade e não confio fácil, mas dou meu braço direito para qualquer um dos quais eu confio.
Fica mais fácil quando a gente entende que nem sempre vai ser agradável. Viver dói. Fica mais suave quando a gente percebe que depende de nós para termos um bom dia e uma convivência melhor com tudo o que nos incomoda. Só depende da gente para cultivar e manter boas energias à nossa volta.
Sabe como é, para sobreviver ao recalque da vida, eu tive que me redescobrir e entender que eu recebo exatamente o que eu dou. E acima de tudo: cada um dá o que tem. E é por isso que se torna necessário filtrar tudo o que chega até nós. Porque tempo é algo que não se pode desperdiçar e felicidade é algo necessário para sobreviver.