Eu preciso me afastar da tua bagunça porque eu não consigo mais fingir que está tudo bem. Não me leva a mal, eu tentei te mostrar quem eu realmente sou e te ajudar a entender onde você está no meio disso tudo, mas você abriu mão da sua consciência, pulou do precipício e espera o mesmo de mim.

Agora a tua bagunça não permite mais a minha presença. Às vezes penso que isso é uma necessidade de atenção misturada com egoísmo. Talvez você só não consiga enxergar nada além de si mesmo e é apenas mais um que vendeu a alma. Que pena, porque opções de caminho a gente sempre tem.

Eu preciso me afastar da tua bagunça porque a minha visão de mundo não te agrega mais – talvez nunca agregou. Não me leva a mal, mas me dói todas essas tentativas de te mostrar que de um jeito ou de outro está tudo bem também, que ainda é possível e que a vida não precisa ser assim tão pesada o tempo todo.

Agora a tua bagunça não me dá mais espaço para ser quem eu sou. Às vezes penso que é ingenuidade demais da minha parte. Talvez eu tenha aceitado o papel de trouxa que você me empurra goela abaixo toda vez que mente pra mim fácil demais. E a tua bagunça acaba magoando a minha verdade.

Não cansa isso de viver com verdades absolutas no bolso? Como se você fosse o único que soubesse o que é certo e por onde seguir, como se a tua razão anulasse todo o resto, como se você fosse superior de alguma maneira só porque esse papel te encanta. Fala sério, você não é o único quebrado tentando sobreviver.

Eu preciso me afastar da tua bagunça porque preciso cuidar de mim. Não me leva a mal, mas você passou a ser dessas pessoas contraditórias de se ter por perto. E não posso mais me permitir aceitar pouco só porque é o que tem. Por que a tua felicidade é mais importante que a minha?

Agora a tua bagunça não me encanta mais. Às vezes penso que felicidade é escolha. Talvez se as pessoas aceitassem mais o peso da responsabilidade de cada atitude, ninguém ficaria na poltrona no dia de domingo. Tem espaço pra todo mundo ser feliz. E a tua bagunça acaba me afastando da minha felicidade.

Não cansa isso de fazer morada no próprio ego e se desfazer da realidade como ela é? Cada um é responsável por si mesmo – dores, amores, sorrisos e sonhos. Como andam os seus? Eu só posso saber de mim. Então por que eu deveria me responsabilizar pela bagunça alheia? A tua bagunça cansa porque ela é óbvia demais.