Nós somos fortes e resistentes. Não por sermos racionais mas porque somos emotivos. E a nossa força é proporcional a tudo o que sentimos. Por isso nos cobramos tanto quando estamos mal. Mas acontece, oras. As vezes a gente quebra. De vez em quando a gente cansa. E volta e meia a gente quer parar. E tá tudo bem não estar bem o tempo todo. Somos humanos, e não heróis. Somos de carne, osso e sentimento. Somos muito mais do que nos permitimos ser e ainda assim continuamos sendo e tentando.
As vezes as coisas dão errado. Ok, talvez a maioria das vezes. Vez ou outra a vida cai no nosso colo de uma forma tão pesada que não conseguimos segurar, muito menos entender de onde veio e porque agora. Volta e meia deixamos nossos pedaços pelo caminho. E na maioria das vezes a gente nem percebe que se machucou, só continuamos seguindo em frente. E o que se pode fazer? O caminho está aí pra trilhar, certo?
As nossas certezas podem falhar – e provavelmente vão. Terão dias em que vamos nos questionar por quê as coisas não estão bem ou o que está faltando. Afinal, a nossa alma machucada é sinal de que algo dentro de nós precisa mudar. Pensamos, equivocadamente, que tínhamos controle do que nos afeta e percebemos o quão frágeis nós somos. E isso é um tapa na nossa cara. Achávamos que éramos mais sábios. Ingenuamente pensamos que tínhamos as respostas, mas agora duvidamos até das perguntas. Onde as coisas deram errado? Será que deram errado mesmo?
Não sabemos. Estamos silenciosamente gritando por esperança. Somos seres racionais, mas consideramos tanto as emoções que ainda não conseguimos nos permitir ao erro. Estamos imersos em nosso próprio orgulho e cobrança, que não nos permitimos nos deixar abater. Estamos tão focados em estar bem o tempo inteiro que beiramos a arrogância. Estamos tão ocupados tentando parecer o que não somos, que ficamos próximos da falsidade. Estamos há tanto tempo tentando e miseravelmente fracassando, que nos tornamos inseguros.
O que falta para sairmos desse mar de insegurança no qual a gente insiste em mergulhar? Não sabemos ainda, apenas continuamos em frente sem nem saber onde chegaremos. Será que é isso? Por não compreendermos o caminho, a gente quebra. Por não interpretarmos as nossas verdadeiras vontades, a gente cansa. E por buscarmos satisfazer o próximo antes de nós mesmos, a gente quer parar. Estamos trilhando um caminho desconhecido guiados pela emoção. E sabemos o quão perigoso isso pode ser. Estamos cientes de toda a pressão que assumimos quando dizemos sim para tantos sentimentos contraditórios à nossa melhora como ser humano.
Sejamos mais conscientes quanto ao que realmente queremos. Está tudo bem não estar bem o tempo todo. Sejamos mais condizentes com nós mesmos. Está tudo bem não querermos o mesmo que os outros querem. Sejamos mais pacientes com as escolhas alheias. O diferente é apenas diferente, não é errado. E o errado, é só uma questão de ponto de vista. Sejamos paz quando existir conflito. Sejamos bons com o próximo. Sejamos sutileza no cotidiano e com nós mesmos. Sejamos fortes e resistentes para os desafios da vida – ou melhor, que não paremos de ser.