Não é você, sou eu. Fala sério, o que eu pensei? Que eu iria seguir pelo mesmo caminho que o seu quando até os astros me gritavam diferente? Que eu continuaria sendo presença mesmo na tua ausência? Não dá, sou eu e o meu jeito de nunca me aquietar e aceitar menos porque é o que tem.
Eu sigo em paz porque sei que você me deu o que foi possível. Nunca busquei em você notas de intensidade ou uma entrega igual a minha. Muito pelo contrário, o teu charme sempre foi essa tranquilidade de quem não quer nada com a vida e deixa ser porque as coisas se resolvem por elas mesmas – ao contrário de mim.
Não é você, sou eu e a minha mania de desviar da responsabilidade que me cabe quando evitei admitir que o nosso lugar não era mais um ao lado do outro. Achei que era verdade, que o nosso caminho era o meu caminho, mas me enganei quando segui com você e continuei procurando por outras direções.
Eu sigo em paz porque sei que eu te dei o melhor de mim mesmo dentro desse contexto bagunçado. Acabei te trazendo pro meu caos porque eu precisava da tua presença pra esquecer tanta ausência por todos os lados. E precisei de um pouco mais de tempo pra perceber que quem estava ausente era eu comigo mesma.
Não é você, sou eu e a minha incapacidade de viver no raso e sem planos. Não consegui me deixar levar como e com você. Sou eu e a minha necessidade de fazer por mim cada dia mais. Não é você, sou eu e a minha mania de precisar queimar para sobreviver. Não aceito metades ou talvez. Sou eu, o tempo todo – e realmente nunca foi você.