Não sou eu, é você. Fala sério, o que você pensou? Que eu iria continuar segurando a sua mão quando nem você se dava ao trabalho de me alcançar? Ou que eu continuaria desviando o olhar enquanto você se perdia cada vez mais de você mesmo? Não dá, essa não sou eu, é você e o seu jeito de viver bem com o que é falso.

Eu sigo tranquila, continuo sendo quem sou e respirando verdades. Se é a melhor forma de enfrentar o mundo eu não sei, mas funciona pra mim – obrigada. Não consigo magoar a minha alma aceitando ilusões e fugindo do que é real. Como posso me permitir desviar do caminho? É que me perder de mim mesma nunca foi uma opção.

Não sou eu, é você e a sua incapacidade de estar lá por mim tanto quanto eu estou por você, de entender que você é responsável pelo que escolhe e que eu não tenho nada a ver com isso. Não sou eu e meu jeito paciente de te entregar algumas chances sem você nem precisar pedir. É você e o jeito que você me tem como certeza.

Eu sigo tranquila, continuo tentando me afastar da bagunça alheia e fazendo do amor próprio morada quando tudo à minha volta parece incerto. É que eu me recuso a aceitar menos só porque é o que tem ou é o caminho mais fácil. Eu mereço mais do que a tua poesia me traz e por isso parei de te estender a minha mão.

Não sou eu, é você. Fala sério, o que você pensou? Que eu nunca ia cansar do nosso verso? É que ficou tudo tão óbvio, não é? Eu sou quem acredita e segue em frente, e você é quem mente e fica para trás. Mas vem cá, me diz uma coisa, você nunca sente falta de  gostar de quem você se tornou e de querer mais do que clichês roteirizados?

Eu sigo tranquila, continuo em paz carregando um drama ou outro mas sem ter você pra dividir. E tudo bem também, sabe? Já sobrevivi a coisa pior. Não vou amargar um verso já acabado, ou mudar o sentido do que já foi escrito, muito menos fazer de você o que você nunca foi. Não dá, essa não sou eu.