Eu sei que eu estou aqui do outro lado do mundo, mas só pra saber: por aí ainda existe saudade? Ou será que você já esfriou o suficiente para nem se dar o trabalho de sentir? Eu sei que a ideia foi minha, eu sei que fui eu que vim, eu sei que fui eu que fugi – mas foi você quem ficou, oras.

E tudo bem que eu faço essa cara de quem não sente nada. E todas as legendas das minhas selfies são super mega positivas e de bem com a vida – sem contar as hashtags. Mas poxa, eu sinto sua falta. E cada vez que tem alguma atualização sua ou seu nome na rede, eu abro meio sorriso. E como você pode ver, ingênua do jeito que sou, ainda cumpro a minha promessa: sorriso inteiro só com você. 

Por ai rola saudade

Por aí ainda rola aquela pressão monstra em cima de você e dos seus medos? Medo de falhar, medo de nem chegar a tentar, de não ser, de não querer ser? Você ainda se assusta com crianças nas janelas? Você ainda fica horrorizada com sua própria cara de bêbada? Você ainda se assusta com o espaço que eu deixei por ai? 

Pelo tempo que eu organizei tudo e vim eu sei que pareceu uma fuga – e talvez senha sido. E o meu jeito ingênua ainda me faz criar umas expectativas tão bobas. Eu realmente não consegui fugir e isso é um pouco assustador. Eu tenho medo de não conseguir superar os meus medos, mas realmente fico apavorada por não ter a sua força para enfrenta-los. Vai ver que é por isso que eu sou toda muros, paredes e labirintos. 

Tudo bem que me encontrei aqui e etc (toda aquela história que a gente conta pra mãe), mas aqui não tem você. Não tem suas risadas e o jeito como você tira sarro de todos os meus problemas que não são problemas. Não tem você me socorrendo quando eu não precisava de socorro, e sim de um afago. Não tem você debochando de mim e o quanto queria fazer um striptease com o meu corpo sem eu saber. Não tem você me ensinando a ser eu.  Só não tem você, todo o resto tem. 

Aí do lado do oceano Atlântico você queria ter um tele transporte? Eu por aqui estou aceitando telepatia… Sei lá, você também pensa em mim? Do quanto fizemos uma pela outra? Do quão especial podemos nos tornar com tão pouco? Além de toda essa distância, é possível você se manter mais distante? Por aí ainda existe saudade?