Uma pesquisa sobre a solidão feita em Portugal revela que há trinta anos “solidão” significava estar só/ ficar só. Hoje o resultado da pesquisa mostra que para os lusitanos “solidão” é não estar conectado.

Absurdo? Não, perfeitamente aceitável. Hoje vivemos em um mundo tão conectado e interativo que o maior medo das pessoas é não participar disso. Tudo bem que eu não tenha ninguém para dividir uma vida, desde que eu tenha milhares de amigos no Facebook. Não me importo se não vou ao show do meu artista predileto, o Youtube me fornece os melhores momentos depois.

Se duvidar hoje as lojas de eletrônicos sofrem mais assaltos do que mercados e padarias. Os menos favorecidos tem fome sim, mas fome de luxo. Eles também querem estar inclusos no pacote de Ipods-peds-putz.

Invertemos os valores junto com as nossas vidas. Deixamos a nossa vida real ocorrer virtualmente. Nossos amigos são os que temos adicionados e as felicitações de aniversários enviamos por mensagens instantâneas. Esperamos a vida passar para depois curtirmos ela em nossas redes sociais.

Nessa loucura virtual deixamos passar batido o dia-a-dia. Perdemos grandes oportunidades, pois apenas existimos e não vivemos. Parece que iniciamos a nossa vida a partir do momento em que fazemos o login de nossas contas e e-mails.

Já afirmava Renato Russo “digam o que disseram o mal do século é a solidão”.  E olha que nos tempos dele não tinha ocorrido a explosão da inclusão digital. Não pense que sou rebelde e contra as tecnologias. Muito pelo contrário, sou totalmente a favor e adepta.

Também não estou fazendo uma revolução contra as grandes contas, estou apenas fazendo uma observação para que possamos refletir aonde tudo isso irá nos levar. Pra mim solidão, hoje ou amanhã, é isso: deixar para depois a vida de hoje.