Quem me conhece sabe como sou ansiosa. Sou tão ansiosa que como sem fome, só pra tentar saciar essa energia incessante dentro de mim. Sou ansiosa no nível de ter dor no estômago e crises de enxaquecas. Sou ansiosa do tipo de não deixar mais ninguém na mesa falar. Sou daquelas ansiosas de criar problemas com situações que não são nem reais. Sou ansiosa de planejar as falas de bom dia do dia seguinte. Enfim, eu realmente sou ansiosa.

Já aprendi a lidar comigo mesma. Mas as vezes rola umas crises mais fortes e eu saio igual louca mandando áudios gigantes no Whatsapp para as amigas. Muitas me falam para tentar me controlar. Como posso explicar que a minha ansiedade não tem controle? Já virou parte de quem eu sou. Eu sei que eu falo tão rápido e eu mesma me respondo, que fica complicado acompanhar meu raciocínio. Mas veja bem, eu preciso de apoio, e não de alguém que me queira diferente.

Eu sou agitada e agoniada, oras. Não consigo deixar de planejar o meu dia e possíveis diálogos que podem acontecer. Não consigo não separar a minha roupa para o dia seguinte e não deixar uma segunda opção, caso eu mude de ideia. Não consigo não fazer listas do que tenho para fazer e com quem eu preciso falar. Não consigo não contar o tempo que eu levo para executar cada atividade diária minha. Enfim, eu realmente não consigo, e nem quero, deixar as coisas acontecerem sem que eu planeje primeiro.

E depois de muito tempo sendo criticada e desacreditada por ser uma pessoa ansiosa, eu aprendi a grande lição. A minha ansiedade fez eu ser quem eu sou. E eu sei que tem vezes que fica difícil, que eu não respiro, que eu vejo crise onde não tem. Mas a verdade é que ser ansiosa me fez querer me entender melhor e ser mais paciente comigo mesma.

Fonte: We Heart It

Fonte: We Heart It

Ser ansiosa me fez querer entender o que mexe comigo e o que eu permito que me abale. Ser ansiosa me fez notar as pessoas à minha volta que me fazem bem e aquelas que nem tanto. Ser ansiosa me fez perceber que café piora a minha situação, mas as vezes é necessário. Ser ansiosa me fez perceber que tempo é tudo o que eu tenho e depende de mim fazer bom uso do tempo que me resta. Ser ansiosa me fez ser mais consciente.

Eu não sei como é não ser ansiosa e não estar no modo drama o tempo inteiro. Eu não sei como não ser ansiosa e não me sentir culpada se não cumprir a minha lista mental de afazeres. Eu não sei não ser ansiosa e não me preocupar com o tempo que me resta. Eu não sei não ser ansiosa e não ser eu mesma. A minha ansiedade não me permite nenhuma máscara, porque eu escuto o tic-tac do relógio o tempo inteiro.

E esse relógio me fala, a cada segundo, o que eu fiz e o que eu ainda tenho para fazer. A minha ansiedade me faz ser mais organizada e valorizar o esforço do próximo. A minha ansiedade me faz ser grata por aqueles que investem tempo em mim e nos meus projetos. A minha ansiedade me ensinou que a minha cabeça não vai parar, nem por um segundo, e que não importa o quanto eu queria ou o quanto eu beba, eu vou continuar com o cérebro a mil.

E se o cérebro é o orgão mais complexo do ser humano – nao sei se é, acabei de chutar, eu gostaria muito de usar a minha ansiedade para entender ele melhor. Gostaria muito de usar essa agitação toda para me motivar a ser uma pessoa melhor a cada dia. Gostaria muito de usar esse meu defeito – como muitos acham que é, para me fazer entender melhor o que eu sinto e o que realmente é verdadeiro para mim. Chame de ansiedade ou do que você quiser. Pra mim é apenas a minha própria maneira de existir.