Você não conhece todas as minhas versões. E tudo bem, acredito que temos inúmeras versões de nós mesmos e usamos cada uma conforme necessário. Muitas vezes nem sabemos qual de todas as nossas facetas vai reagir quando a vida bate. E seguimos oscilando com milhões de possibilidades entre o que já sabemos e o que ainda vamos aprender.

É por isso que eu sou apaixonada pela vida e por tudo o que cada oportunidade pode nos trazer. Existem tantas versões minhas, pra tantas outras formas de ser e viver, que nem sei como me sinto quando dizem que me conhecem bem. Fala sério, agora que  eu estou me conhecendo um pouco melhor. Quem é você pra me limitar em um só formato?

Não, você não conhece todas as minhas versões. Eu queria que essa arrogância quando se trata do próximo não existisse. É sério que dentre tantas possibilidades, dias e variantes diferentes pra tudo, não existe espaço pra sermos bons uns com os outros? É sério que quando se trata do próximo tudo o que temos a oferecer é a nossa versão acostumada e sem brilho?

Ok, existem algumas versões clichês, outras versões viciadas em drama, algumas altruístas e outras que não estão tão afim assim. Mas é justamente essa possibilidade de assumir diversas versões que nos protege contra o tédio e ensina diferentes lições. E nada disso impede ou justifica a falta de empatia com o próximo. Ou vai dizer que a sua versão gentil está cansada?!

Você não conhece todas as minhas versões. Isso de se desmontar em versões diferentes nada mais é do que uma metáfora dessa busca contínua por consciência sobre quem somos. É que me incomoda isso de nos permitirmos poucas alternativas, sabe? Sinto o tédio se aproximar quando me apontam como uma só.

Essa é a minha versão cansada dessa hipocrisia social que castra os nossos sentidos para nos tornarmos seres previsíveis e iguais. Eu queria que a gente não se definisse como permanência quando tudo o que a vida traz é movimento. Quantas possibilidade perdemos porque estamos ocupados demais definindo papéis e caminhos pra seguir “pra sempre”? Que tédio!