Eu sempre tive pressa. Uma precocidade insana que me fazia pular etapa atrás de etapa, como se eu estivesse correndo contra o tempo. Sempre tive um tic-tac incansável dentro de mim. A pressa distorcia a minha visão de tempo – nunca era suficiente e eu estava sempre atrasada. Eu sentia como se eu nunca fosse superar esse atraso e como se eu já nem tivesse mais tempo pra resolver tudo o que tinha para ser resolvido.
Eu sempre tive pressa pra fazer valer. Uma pressa que me motivava a seguir em frente sem olhar pra trás. Uma pressa que me fazia ignorar o passado, não pensar muito no presente e me concentrar no futuro. E assim, eu pulei a lição que me ensinava que as coisas podem dar errado também. Foi pulando etapa que aprendi a não parar e que tudo tem que estar bem o tempo inteiro. Cansativo, eu sei. Nunca percebi que tinha aprendido errado, até agora.
Vez ou outra as coisas dão errado, e eu precisei aprender a lidar com isso. Vez ou outra rola uns arrependimentos, e eu precisei me permitir carregar mais um pouco além de tudo o que eu carrego. Vez ou outra a vida escapa do controle imaginário e o sentimento de incompreensão bate à porta. Vez ou outra acontece uma desistência ou uma mudança nos planos, e está tudo bem também. Novos caminhos estão aí pra isso.

Fonte: We Heart It
Eu sempre tive pressa. Talvez por isso eu seja tão acelerada como sou. Ou talvez por isso eu tenha permitido a ansiedade me dominar. Eu sempre tive pressa pra ignorar a opinião alheia e falar para mim mesma o que é certo ou errado, o que eu aceito ou não, por onde devo seguir e por onde não devo investir mais o meu tempo. Eu sempre tive pressa pra assumir todas as consequências das minhas escolhas. E essa pressa me fez dar mais atenção ao resultado final do que ao trajeto.
Vez e sempre a viagem pede para ser apreciada. Nem todos os fins justificam os meios, mas descobri isso só depois. Vez e sempre o final chega e não é bom, ou é, mas já nem faz mais sentido. Vez e sempre a tentativa é necessária, e às vezes deixar pra lá também. Vez e sempre o orgulho pode ser deixado de lado junto com o ego, pra ser possível decidir o que fazer em seguida.
Eu sempre tive pressa. Carreguei comigo por tanto tempo essa urgência de que nada era suficiente e que eu sempre precisava de mais, que esqueci como era ser simples. Esqueci como eu queria ser. Esqueci como eu era. Esqueci como eu fui. Estava ocupada demais correndo. Estava ocupada demais fugindo. Estava ocupada demais desviando da dor. Estava ocupada demais olhando pra fora, só pra evitar a pressa que corria aqui dentro.