Lá vem o drama do “meu aniversário está chegando” e o “estou batendo na porta dos 30”. Não sou a única que surta perto do aniversário, certo? A gente tem essa mania terrível de fazer uma análise nostálgica de todos os quase 10 mil dias que vivemos. E assim passamos, remoendo o que não deu certo, rindo dos momentos bons, jurando não repetir os ruins e criando expectativas para os próximos anos. E mesmo que os 30 estejam mais perto do que os 20, ainda me sinto a mesma menina de 12. O que posso fazer?
Eu fiz muito mais do que planos, eu aprendi a me recolocar na vida. Estudei, casei, viajei, tenho um cachorro e volta e meia penso em decorar a minha casa. Tenho amigos solteiros, casados, separados ou engravidando. Não tenho mais mesada e tenho responsabilidades com o banco todo dia 10. Parei de brigar com as minhas irmãs, exceto quando elas esquecem de mim. E aprendi, antes tarde do que nunca, que eu sou o que eu como – então parei de descontar as minhas frustrações em um prato de brigadeiro recém-feito de frente pra TV. Sinal claro que os 30 estão chegando, certo?
Mas e aí o que posso fazer quando continuo me deliciando com uma cama elástica e algodão doce? Ou quando acendo a luz para enfrentar o meu medo do escuro? Ou quando passo horas escrevendo em meus diários? Ou quando não consigo dormir porque no dia seguinte vou fazer algo incrível? Ou quando me divirto mais do que as crianças no Halloween? Ou quando eu acho que arrumar a casa ainda é coisa de mãe? Ainda sou da opinião que arrumar a cama é desperdício de tempo, poxa.
E tempo é aquele tic-tac na sua cabeça te lembrando a todo momento tudo o que você não fez. E talvez por isso fazer aniversário está mais para tortura do que celebração. Quer dizer, quem não leva um susto quando se dá conta de que mais um ano passou? E por causa disso criamos uma listinha mental sobre coisas novas que queremos para a nossa vida. Malditas metas, que nada mais são do que cobranças e preocupações inúteis.
Digo inúteis porque o tempo vai correr de qualquer maneira. Não existe nada que eu ou você possamos fazer para impedir esse tic-tac incessante do relógio em nossas cabeças. Tudo o que sobra é a vida e as nossas escolhas. Pelo menos quanto mais aniversários completarmos, mais conscientes ficamos. E ser consciente significa entender que as nossas escolhas refletem quem somos, independente da idade. E que a vida é o que fazemos dela, todo santo dia.