Se for pra me amar que seja quando eu estiver acabada ou tendo um daqueles dias em que eu sinto todo o peso do mundo nos ombros. É fácil demais me amar quando eu estou plena ou quando eu digo sim. Quero ver me amar quando eu estou com os olhos vermelhos, com a cara amarrada, com raiva do mundo e te desafiando com o meu não. Se for pra me amar que seja quando eu preciso de amor.

Se for pra me amar que seja quando eu estou no meio de uma crise de ansiedade rezando pras entidades fazerem a minha cabeça desacelerar. É fácil demais me amar quando está tudo bem. Quero ver me amar quando reza nenhuma faz efeito, quando eu começo a contar os azulejos do banheiro esperando o mundo acabar ou quando me sinto presa em um pesadelo. Se for pra me amar que seja pra segurar a minha mão e dizer que tudo vai ficar bem.

Se for pra me amar que seja quando eu estiver me remoendo pelas minhas escolhas, sentindo os meus arrependimentos e brincando de criar realidades alternativas só por diversão. É fácil demais me amar quando não tem pecado. Quero ver me amar depois de ver o que se passa dentro de mim, depois de perceber o quão cruel eu sou comigo mesma e o quanto eu me cobro. Se for pra me amar que seja pra me fazer escolher o mesmo caminho de novo.

Se for pra me amar que seja quando eu precisar conversar – mesmo que eu fale muito ou repita algumas histórias. É fácil demais me amar quando eu estou em silêncio ou quando me calo só pra agradar. Quero ver me amar e ainda assim respeitar e ouvir o que eu penso. Se for pra me amar que seja quando eu tiver espaço pra ser quem eu quiser ser.

Se for pra me amar que seja quando eu estiver tentando ser uma pessoa melhor e procurando evoluir. É fácil demais me amar quando eu estou em uma fase boa, acontece que eu não sou sempre o melhor que eu posso ser – eu só tento. É fácil demais me amar quando eu acerto ou sigo por um caminho aceitável. Quero ver me amar em meio ao meu caos e rebeldia. Se for pra me amar que seja quando ninguém mais consiga.