Sempre busquei por encerramento para os dramas que a vida me trazia. Não importava se fosse um coração partido, uma expectativa frustrada, uma falha sincera ou um ranço qualquer – eu sempre procurei achar um encerramento pra cada pensamento avulso que passava pela minha mente, como um filtro ou exercício de consciência.
Sabe como é, qualquer final abre espaço para o novo – nada mais justo quando você quer se livrar de um drama que não te deixa em paz. E também não é como se eu procurasse deixar um drama qualquer roubar a minha serenidade. Fala sério, drama nenhum é maior que o meu amor próprio. Então faz sentido eu sempre ter procurado por começo, meio e fim.
Por muito tempo eu acreditei que realmente precisava de encerramento pra tudo na vida. E com isso, enquanto eu não achava esse tal encerramento num dia qualquer, eu me transformei em um depósito de mágoas. Afinal, eu tinha que deixar todos os dramas, nomes, datas e memórias guardados para quando a hora chegasse – eu tinha que estar pronta e armada.
Conforme eu fiquei mais perto dos trinta do que dos vinte, e muitos dramas vividos depois, eu comecei a reconsiderar o que esse encerramento que tanto procurei pra tudo o que me acontecia realmente significava. Que diferença faz, finalizar ou não um drama, quando nada vai mudar o drama já criado? Será que não é mais simples aprender a lição e seguir em frente?
Sabe como é, a cada dia que passa fica mais difícil aceitar o título de rainha da auto sabotagem de forma consciente. É óbvio que fazer drama e exagerar nada mais é do que um escape para não encarar as coisas como elas são. E quanto mais consciente eu fico, menos encerramento eu procuro e mais esclarecidos os dramas se apresentam pra mim – não é à toa que vira poesia.
E é por isso que eu não me permito mais essa falta de consciência, esse exagero que cega o que eu realmente preciso ver ou essa arrogância que me faz sentir injustiçada como se o mundo estivesse contra mim. Quem faz o drama sou eu. E talvez tudo o que eu precise pra qualquer encerramento seja consciência – dos dramas reais, inventados e do quanto eu quero pra mim.