Eu quero ficar de boa comigo mesma. De boa mesmo, sabe? Parar de me maltratar por qualquer detalhe do dia, de me remoer pelos meus pecados, de tratar tudo como uma batalha sem fim, de assumir sempre o pior de todo mundo, de tudo ser tão sério o tempo todo. Eu quero me perdoar por volta e meia me perder do caminho.

Eu quero aprender a não ser tão cruel comigo mesma, sabe? Não quero mais deixar os meus arrependimentos apertarem o meu coração e acelerarem a minha mente. Como se o beijo não dado, a palavra não dita, o trabalho recusado e o curso abandonado, fizessem tanta diferença assim. Meio inútil isso de sofrer pelo que já passou.

Eu quero ficar de boa comigo mesma. De boa mesmo sabe? Parar de me cobrar pelas minhas crises de ansiedade, por dizer sim querendo dizer não, pela minha mente bagunçada, por repensar os diálogos que já aconteceram e os que ainda vão acontecer, por descobrir um caminho melhor depois que não tem mais volta.

Eu quero aprender a me perdoar pelos meus erros, sabe? Por todas as vezes em que corri, em vez de ficar e limpar a bagunça. Pelas vezes em que abri mão de quem eu sou porque estava cansada demais pra me justificar, e quando diminui em vez de somar. Eu quero sentir que está tudo bem e que de um jeito ou de outro eu sobrevivi.

Eu quero ficar de boa comigo mesma. De boa mesmo, sabe? Parar de achar que os erros e pedras do caminho me definem. Eu já fiz valer, oras. E agora? Como eu fico de boa sem achar que poderia ser melhor? Eu quero ficar de boa comigo mesma. De boa pra entender que a vida é isso: cair, levantar e recomeçar.