A cilada sou eu. E não tem escapatória porque já estou aqui, entregue. Então como faz? Será que ainda consigo te fazer me ver com outros olhos? Ou é melhor fazer as pazes com a ideia de que você lê a minha alma mas não entende a minha entrega? Sabe como é, achei que devoção igual a minha tinha em todo canto mas me enganei.

Eu sei que faço armadilha o que era pra ser um caminho reto e certo. Dou voltas pra evitar enxergar o que está bem na minha frente. Eu sei que não dá pra mudar o que passou e ainda não aprendi a seguir por um atalho qualquer sem me perder na fantasia de uma ou outra realidade alternativa. Mas entrega sempre teve.

A cilada é você. E não tem escapatória porque você resolveu ficar. Então como faz? Será que ainda consigo te fazer perceber que te salvei de um tédio sem fim e uma vida monocromática e sem barulho de risada escandalosa? Sabe como é, achei que você soubesse do que tem do lado de lá e, justamente por isso, escolheu ficar por aqui. 

A cilada sou eu

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Eu sei que você procura por um atalho pra todas as armadilhas que eu jogo no teu colo e nem percebe que a maioria é um grito de socorro. Eu sei que você tenta recalcular a rota pra desviar da bagunça que eu faço quando acho que controlo o que não tem sentido. Mas ainda assim você sempre ficou. Será que esse é teu jeito de não desistir?

A cilada sou eu e você juntos. E não tem escapatória porque já viramos um só – além de cilada somos clichês. Então como faz? Será que ainda consigo te fazer querer ficar mesmo depois de você ter visto o melhor e pior de mim? Ou é melhor fazer as pazes com a ideia dessa instabilidade entrelaçada de nós dois?

Eu sei que nós sobrevivemos as expectativas contrárias ao amor, ou o que quer que seja que acontece por aqui. Vai ver que a fórmula mágica para a nossa vibe inquebrável e incansável é isso de misturar entrega e teimosia. E talvez a cilada seja justamente essa, contrariar o que não era pra ser. Mas foi e vai continuar sendo cilada.