Eu quero me apaixonar pela noite e passear pelas ruas vazias e escuras – quando todos já cansaram menos eu. Eu quero parar em uma padaria qualquer pra tomar um pingado e absorver o silêncio das esquinas abandonadas. Eu quero aproveitar as estrelas tanto quanto eu aproveito o sol.
Eu quero sentar no capô do carro enquanto termino o meu cigarro e a minha Coca-cola – ainda abismada com a imensidão do céu estrelado. Eu quero uma constelação com o meu próprio nome – e que eu saiba o valor dele. Eu quero não sentir medo do quanto a lua me afeta e da consciência que a noite me traz.
Eu quero me apaixonar pela noite e assim trazer mais esperança pro meu coração partido e pra minha alma vendida. Eu quero que a noite me traga a calma que o dia não consegue de jeito nenhum. Eu quero que a noite aceite a minha mente acelerada e me impeça de acalmar o que não precisa ser acalmado.
Eu quero caminhar sem destino deixando as estrelas me iluminarem. E assim me sentir livre como eu nunca fui. Eu quero sentir a brisa da madrugada bagunçar o meu cabelo e me fazer rir. Eu quero me apaixonar pela noite e que ela me ensine a perdoar as luas passadas, a apreciar a lua de hoje, e a não surtar pelas luas seguintes.
Eu quero me apaixonar pela noite e me conhecer melhor enquanto tenho o silêncio como amigo. Eu quero que a noite me deixe vulnerável e menos medrosa pra ouvir o que eu sinto e ver quem eu sou. Eu quero que a noite guarde os meus segredos e leve consigo os meus pecados. Eu quero me reconhecer até quando sem luz.