Quando foi a última vez em que não nos sentimos obrigados a nada? Não, nós não somos obrigados, mas uma coisa é falar e outra é fazer. A verdade é que passamos a não nos sentirmos obrigados quando aprendemos a nos colocar em primeiro lugar. E isso não é ser egoísta, é ser justo com nós mesmos.
É quase engraçado se não fosse triste, mas nós temos o hábito de dizer sim sem pensar e acabamos nos conformando com o que não nos representa. Não buscamos por revoltas, mas desde quando ir contra o que nós não acreditamos é sinal de revolta? Todos os dias somos obrigados a enfrentar tantas situações que ferem os nossos valores, que não tem como nós estarmos mais feridos. Chegamos no limite.
A gente tem essa mania de ignorar as nossas opiniões e vontades para evitar conflito. E assim passamos por omissos. Ok, nada será como queremos e temos que saber lidar com contrariedades. Afinal, a vida é o oposto do que desejamos quase sempre. Mas, na medida do possível, a gente não é obrigado a nada mesmo. Não, não somos obrigados a nos submetermos a um comportamento que não reflete a nossa essência.
Somos adultos agora. Passamos da fase de fazer o que se espera de nós. Começamos a basear as nossas escolhas por nós mesmos. Somos seres pensantes. Chegamos na fase de manter o reflexo do espelho realmente refletindo o que nós somos. Sempre estaremos lutando contra as expectativas e falhas alheias. Por isso não nos obrigarmos a nada é sinal de autonomia. Afinal, o não liberta.
Estarmos comprometidos com o que vai no fundo da nossa alma é o que nos faz sermos humanos e diferentes. E é por isso que existem tantos de nós perdidos pelo caminho. Puro descuido. Não é uma vida totalmente vazia, mas não são nossas escolhas, e sim dos outros. Será que ainda acreditamos que o caminho certo para nós são os outros que definem?
Agradar aos outros também machuca, oras. Se nós pesarmos o quanto fazemos por nós e o quanto fazemos porque somos obrigados, a balança é desigual. Talvez por estarmos tão condicionados, muitas vezes a rotina fala mais alto. Sem perceber nos magoamos um pouquinho todos os dias e acabamos nos distanciando de nós mesmos. Fazemos isso cada vez que seguimos em frente, mesmo quando infelizes. O não liberta, mas é necessário que a gente saiba o que realmente queremos. Só assim, entendendo nós mesmos, vamos conseguir nos manter no nosso próprio caminho e não sermos obrigados a nada.