Quem tem um passado que condena? Você leitor, eu e todo mundo. Levanta a mão ou atire a primeira pedra quem não tem. É como dizem: quem nunca não é? Sou a favor de passados que condenem cada vez mais. Isto porque para mim, quem não esconde nada é porque não viveu nada. E a vida é transitória demais. O que gostamos hoje, pode não ser a mesma coisa do que vamos curtir amanhã. Esta transição é responsável por deixar muitos acontecimentos como “condenados” na memória. Mas isso não significa que eles não sejam importantes.
As atitudes que condenamos são responsáveis por grande parte da nossa estrutura atual. E é meio perigoso querer deletar alguma delas, vai que, bem o fato que você acha terrivelmente feio é o que te tornou uma pessoa mais sensata hoje? Vai que, bem o PT que você deu na festa de aniversário que você entrou de bicão é o que te mostrou o limite do álcool no seu corpo? (o suficiente para você não repetir o vexame novamente, espero). Vai que, bem as roupas que você usava antigamente fazem de você alguém mais crítica na hora de se vestir? Vai que, bem a forma como você tratou as amizades enquanto namorava te fazem valorizar as amigas que restaram agora que você tá solteira?
Há tempos existe esse lance de “meu passado me condena” – as comunidades no falecido Orkut que o digam. Lá pra mil novecentos e bolinhas Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás, para os íntimos apenas George Santayana, já tratava sobre o assunto. Não me lembro exatamente as palavras e nem onde eu li, mas ele falava sobre as pessoas que não lembram do passado estarem mais sujeitas a fazer tudo de novo, justamente porque não aprenderam com o que já foi feito.
A Tati Bernardi – fabulosamente talentosa e moderna – também explica bem isso. Ela é a favor de um passado que condene e contra um passado que prenda a pessoa. Liberte-se! Deixe pra trás as gafes que você acha que cometeu. A gente só aprende assim. É meio injusto sermos medidos pelos erros da mesma forma como é injusto ficarmos nos culpando e remoendo o que passou. Se coloque em primeiro lugar e seja superior.
E por favor, esqueça as pessoas com quem você se relacionou escolhidas pelo seu dedo podre e que não deram certo. Saia da sombra deles e volte para o teu raio de sol. Os relacionamentos são responsáveis por grande parte da condenação dos nossos passados. Amiga, acredita em mim: tem coisa que parece incrivelmente bem, mas no fundo a gente sempre sabe quando elas vão dar certo ou errado. Não te ilude.
Você merece muito mais do que peso na consciência, culpa ou questionamentos sobre suas ações. Você merece que teu passado te condene cada vez mais, só que isso não é o lado ruim, muito pelo contrário. É como falam: quem quase vive, já morreu…