Eu gostaria muito de poder evitar esse meu tom arrogante, mas não dá mais. Tô na casa dos vinte e poucos anos e, confesso, estou bastante desiludida com o que vem em seguida. Não, eu não vivi muito e nem vi tudo o que eu tinha para ver, eu sei. E volta e sempre eu sinto um medo terrível de não ter mais nada para me encantar. Volta e meia eu me pergunto: “então é isso?“. E esse meu cansaço me assusta um pouco. Veja bem, quanto mais cansada eu fico, enfrento os meus dias com uma dose maior de presunção.

Eu realmente acredito que está muito cedo para encarar o mundo dessa forma. Está muito cedo para cair em aceitação e me conformar com tudo isso, ou melhor, com pouco disso. Não vivi nada ainda, poxa. Afinal, quanto é possível ter vivido com vinte e poucos anos? Nada. Então não quero pensar que não tem mais nada por aí pra me tirar o ar e me encantar. Não quero viver no modo automático e ir me ajustando aos padrões que me impõem. Não quero deixar de ser um ser pensante e por causa disso deixar a minha essência de lado. Não dá mais pra fazer isso.

É que anda tudo tão igual por aí e por aqui não é? Cada um imitando seu vizinho para parecer bem. E no final, são todos cópias em branco, pessoas vazias e com reações já esperadas. As mesmas fotos no Instagram, as mesmas baladas e a mesma saia com cropped pra montar o look. Cadê as fotos para imprimir e colocar no porta retrato? Cadê a visita no boteco da esquina que o que vale é a cerveja gelada? Onde estão os passeios sem selfies e check-ins? Onde estão as sessões de filmes na casa dos amigos? Quando o curtir virtual ficou mais importante do que realmente curtir?

Fonte: We Heart It

Fonte: We Heart It

E aí a culpa é minha pelo tédio? Desculpa, é que ando sem companhia. Sinto uma falta danada de pessoas autênticas e pensantes. E é essa falta de conteúdo à minha volta que me faz quase implorar por autenticidade. Onde estão as pessoas originais? Cadê todo mundo? Estamos parecendo robôs que não sentem, só seguem em frente sem apego algum. Estamos tão acostumados com a rotina do nosso dia a dia que esquecemos de realmente viver e deixamos os dias apenas passar. Talvez eu esteja errada, mas nunca considerei os dias algum tipo de contagem regressiva para o próximo feriado. Para mim os dias representam todas as oportunidades que temos e tivemos – mesmo quando a gente deixou passar.

É por isso eu acho lindo o diferente, o que não é comum, o que salta aos olhos. É por isso que acho bonito quem toma iniciativa, acorda de bom humor e faz valer cada minuto das 24 horas de oportunidade que temos. Isso me atraí, me encanta e se mistura com a minha vontade por mais. Eu sinto que nós podemos ir mais além do que apenas continuar alimentando uma medíocre realidade. Eu sinto que somos seres extraordinários, mesmo quando insistimos em agir como pessoas ordinárias. E é essa esperança por dias, atitudes e pessoas mais originais que me faz seguir em frente. Até porque realmente está cedo demais para eu me perguntar se isso é tudo.